segunda-feira, 23 de maio de 2011

Licitação de Niterói

22/05/2011 - CBN, Adamo Bazani


Ônibus em Niterói, no Rio de Janeiro. Nova licitação e Plano Municipal de Transporte e Trânsito em 02 anos devem reduzir de 600 para 300 o número de ônibus na cidade. Pelo menos 13 linhas serão extintas. Mas para a Prefeitura isso não é má notícia, pois mesmo com estas reduções, a capacidade de atendimento será ampliada pela maior eficiência dos ônibus. Isso será possível porque Niterói diz que vai investir em BRT – Bus Rapid Transit, corredores de ônibus exclusivos, com facilidade de embarque e desembarque e que não deixam o ônibus preso no trânsito. Assim, com prioridade que necessita por levar mais pessoas que vários carros de passeio, um ônibus em corredor pode fazer os serviços de dois, com menos custo, mais agilidade e ganhos ambientais para a cidade. Foto: Roberto Marinho, Cia de ônibus.

Licitação de Niterói deve ficar pronta em três semanas

Com atraso de dois anos, o certame deve tirar das ruas metade da frota hoje em circulação, mas deve ampliar a capacidade dos ônibus por conta dos corredores

O passageiro atualmente não é bem atendido apenas pelo fato de haver bastante ônibus na região onde mora, trabalha ou estuda. Mas quando o sistema é eficiente, possibilitando maior velocidade dos ônibus que podem fazer o mesmo trajeto com menos unidades.

Essa é a proposta do verdadeiro BRT – Bus Rapid Transit, um sistema atualizado e moderno de transportes públicos, dentro do orçamento de qualquer cidade e que faz do ônibus, trafegando em corredores exclusivos, com possibilidade de pagamento da passagem antes do embarque e acessibilidade para qualquer passageiro, oferecer o máximo que pode ser extraído destes veículos, que estão cada vez mais modernos.

A redução do número de ônibus ao mesmo tempo que o sistema e a capacidade de atendimento são ampliados é um sonho possível pelo BRT em todo o mundo, se tornando realidade em países de diversas condições financeiras e sociais.

E com investimentos em BRT, a Prefeitura de Niterói, no Rio de Janeiro, anuncia que após a realização da licitação dos transportes, que deve ser lançada dentro de três semanas, será possível reduzir de 600 para 300 o número de ônibus em circulação na cidade e aumentar o número de passageiros beneficiados.

A licitação, na verdade, já deveria estar pronta. Era previsto que ela saísse do papel em 2009, mas problemas burocráticos, tanto do poder público como das empresas, proporcionaram esse atraso de mais de dois anos.

A licitação dos transportes por ônibus em Niterói, no Rio de Janeiro, faz parte do Plano Municipal de Transporte e Trânsito, apresentado em 2009 pelo prefeito Jorge Roberto Silveira e pelo arquiteto Jaime Lerner, considerado o idealizador do primeiro sistema de BRT – Bus Rapid Transit do Mundo, em 1974, em Curitiba, que se moderniza com o tempo e é considerado modelo internacional de sistemas de transportes.

O BRT – Bus Rapid Transit – custa 10 vezes menos que o Metrô e tem a implantação 5 vezes mais rápida. A capacidade de atendimento do Meto, no entanto, é bem maior. Mas o BRT não fica atrás de outros modais, neste quesito, como monotrinho e VLT. Ele pode custar entre 4 e 5 vezes menos que o Veículo Leve sobre Trilhos e que o monotrilho tem atendimento e velocidade operacional compatível e tem uma vantagem indiscutível: a flexibilidade. Há possibilidade de diversos serviços num mesmo trajeto, secção de linhas e, como as cidades são dinâmicas, com os pólos de demanda (áreas de geração de emprego e renda e adensamento populacional) podendo mudar ao longo do tempo, o BRT foi ser estendido ou ter o trajeto alterado ou mesmo a obra alterada mais facilmente para atender às constantes mudanças de uma sociedade, o que um viaduto de monotrilho ou mesmo um sistema de VLT apresenta maior dificuldade para ser feito.

É justamente esse o caso de Niterói. O Plano vislumbrou mudanças em alguns pontos da cidade que interferem no perfil de deslocamento.

Essa agilidade e flexibilidade só puderam ser oferecidas pelo BRT. Um corredor de ônibus bem planejado não destoa do ambiente urbano e pode se integrar a ele e oferecer vantagens como canteiros ajardinados e ciclovias.

A racionalização das linhas de ônibus pode ser considerada outra vantagem do sistema de BRT.

Na licitação que deve ser lançada em 3 semanas, Niterói prevê extinguir 13 linhas de ônibus ou incorporar parte delas a outras. Além disso, 14 itinerários devem se alterados.

Todo este sistema, segundo a Prefeitura de Niterói deve ser colocado em prática dois anos depois da licitação e só será possível pelo BRT.

A estimativa é que sejam colocadas em funcionamento 09 linhas de BRT. Elas vão agilizar os deslocamentos por transportes públicos na cidade ao interligarem 5 terminais: o João Goulart, no Centro, e outros quatro previstos em Charitas, Piratininga, Largo da Batalha e Caramujo.

O sistema de BRT contará com ônibus articulados, que dispõe de toda a acessibilidade para que embarque e desembarque sejam feitos no mesmo nível do piso da estação e do assoalho do ônibus. O pagamento antes da entrada no veículo, diminui o tempo de parada dos ônibus, já que o acesso pode ser feito por mais de uma porta e não há filas entre a calçada, a porta e a catraca.

Os ônibus devem ser automáticos, com gerenciamento eletrônico oferecendo dados operacionais, de segurança e de consumo para motoristas e também para garagens e centros de controle operacional. Só por trafegarem mais rapidamente em via segregada, podendo levar mais pessoas, o gasto de combustível é menor, evitando diesel queimando a toa. Isso já seria um ganho ambiental, mas o BRT de Niterói vai contar com possibilidade de uso de combustível alternativo, como Biodiesel, por exemplo, sem esquecer que o Projeto de ônibus Flex GNV – Diesel vai se estender para além da capital do Rio. Outra vantagem em relação ao meio ambiente é que os ônibus já seguirão o Padrão Euro V, dentro do Proconve – Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores, fase 7, o Proconve P 7, que é mais rigoroso em relação à obrigatoriedade de redução de emissão de poluentes, como de óxido de nitrogênio (NOx) e materiais particulados, os grandes vilões do diesel convencional.

Mesmo sem todos estes avanços, já é um grande ganho ambiental, só o fato de um ônibus tipo BRT, que leva 150 pessoas, poder tirar 125 carros de passeio das ruas, levando em consideração a média nacional de que um carro transporta 1,2 pessoa por viagem.

Em entrevista ao Jornal O Globo, o superintendente do Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado do Rio de Janeiro, Márcio Barbosa, afirmou que as companhias de ônibus se preparam para esta reestruturação dos transportes.

Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes.

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